Pular para o conteúdo principal

OBRIGADO POR LUTAR POR MIM




Desde que nasci de novo quando olhei os teus olhos.
Desde que renovei o nascimento do universo ao ligar-me a ti.
Obrigado por lutar por mim.

Desde que nasceram nossos rebentos como jardins a florescer amores.
Desde que, orgulhoso, me achei o senhor de uma guerra inexistente.
Obrigado por lutar por mim.

Desde que, no vencer das batalhas, me recuperaste o aço das espadas com as quais golpeei os azares.
Desde que, ferido, me levaste nos seus braços.
Desde que, cruel, despedacei dias escancarados mas inocentes.
Obrigado por lutar por mim.

Desde que, sedento, corri os campos com alegria despropositada.
Desde que, de cascos chafurdados na lama das manhãs de chuva, rompi os limites da velocidade e mordida.
Desde que, de crinas ensebadas pelo tempo penumbroso, ousei me sentir belo como a grama dos mitos.
Obrigado por lutar por mim.



Desde que, ostentando nossas pedras preciosas, levei-as para o brilho das praças.
Desde que, pegando-a nos braços, enfrentei a dança silente, aos assobios do queimar dos nossos sonhos.
Desde que, ombros e braços unidos, resistimos aos olhos flechados das dificuldades.
Obrigado por lutar por mim.

Desde o ainda agora em que minha gravidade estremecia.
Desde o ainda agora em que minhas pretensões me pesavam de amarelos ao pescoço.
Desde o ainda agora....
Obrigado por lutar por mim.

Desde o ainda agora em que meu corpo rompia os tecidos da alma iludida.
Desde o ainda agora em que me afligia o medo das batalhas.
Desde o ainda agora em que me crucifiquei numa cruz que forjei de troncos e pedras.
Desde o ainda agora em que me deixei levar 
pelo desabrochar de estranha penumbra gerada a partir do cansaço.
Desde o ainda agora em que me deslumbrei com os vitrais de um templo inexistente.
Obrigado por lutar por mim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

É TARDE E ESTOU DENTRO

Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro