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ÚNICO QUE TENHO




O unicórnio que tenho
no espelho fosco
está gordo 
não come mais as frases doces
nem bebe o que o corpo espreme.
Vive olhando a alma do chão
com medo da morte
um olhar cego
como apaixonado por escorpiões.

O unicórnio que tenho
chamado de Solidão
ou de Molibdênio.
Tem a mim só.
Mas vive de cenho no chão
mandando uma ordem: me ame
me mate.


imagem acima : ANDERS ZORN - Nosso pão de cada dia

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