Pular para o conteúdo principal

NO MEU QUARTO DE OCEANO




Com seus olhos úmidos, choveu.

Um anjo puro muito inimigo seu rezava no templo.

Coceira nas axilas do barranco estremecia o solo.

Mas ainda não era o fim. 


Muito coçavam os pentelhos de Deus.

As árvores urinavam nas bocas dos rios.

Bebiam da inundação carontes mansos.

Aprenderam com as desbocadas quimeras do quarto.

No meu quarto, não mais lugar para livros.

Elfos amigos fodiam debaixo a falsos Cérberos, digo, Cérebros.

Fadinhas autofágicas vomitavam suas asinhas sobre o papel.

Paris ainda cintilava no postal antigo.

Quando puxei a descarga, nem tudo desceu.

O ar contaminado pelo cheiro chegou até os outros.


Falaram de minha mãe coisas que só eu sabia.

Sempre fui um oceano para meus pais. Sabia disso o peixe-boi.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

É TARDE E ESTOU DENTRO

Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro