Pular para o conteúdo principal

HÁ GENTE QUE SOFRE II

Há gente que sofre
por falta de ego/algo

em si-mesmo-no-outro.
Há gente que sofre
excesso de dor

de poesia.
Há gente que sofre
de fome e de sede

de briga com a palavra.
Há gente que sofre
por morrer o carro

sem estrada no ar.
Há gente que sofre
por ter prestações

todas pagas com a pele.
Há gente que sofre
por ser imprestável

o bolo que fez
pela internet.
Há gente que sofre
por ser magro e alto

como a peste.
Há gente que sofre
por ser gordo e baixo

como um sub.
Há gente que sofre
por envelhecer

jovem, sem púbis.
Há gente que sofre
por não aumentar

a folha de pagamento
trabalhando.
Há gente que sofre
por morar no gelo

do freezer.
Há gente que sofre
por rachar os pés

com o chão afiado.
Há gente que sofre
por achar que sabe

a data do começo.
Há gente que sofre
por saber que é tarde

cedo.
Há gente que sofre
por saber-se morto

ainda vivo-ontem.
Tem gente que sofre
por querer justiça

para sua cerca.
Tem gente que sofre
por querer desviar

porões para sótãos.
Tem gente que sofre

por achar
que poema é definível.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.