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PEDAÇOS DO CORPO DE BRAM STOKER

Quanto aos tremores,
são decorrentes da violência
do campo de leitura,
embora haja quem julgue
que o amor de sangue
entre os olhos e o papel
venha do começo da vinha
úmida da paixão, dentro do campo
de Adão e Lilith.
Um assalto seguido de morte
perto do Lorena,
um homem bate com o violão
no ouvido direito de um sátiro.
Em dois minutos
o sol está pra lançar seu abraço mais caloroso,
um garoto de moto amassa a paz de um poste,
diluindo seu velho amarelo de luz amarfanhada
no vermelho do Éden, enquanto uma van falsa
da EletroPau rouba um prédio inteiro.
Um pastor marca um encontro com uma criança
num shopping,
mostrando as asas em carne do desejo
que sempre voa num céu reto que se curva
por entre moscas e incisivos
de um contemporâneo Vlad Stoker
que a primeira leitura plantou
entre vivos pedaços do corpo de Deus.

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É TARDE E ESTOU DENTRO

Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

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PERTO E LONGE SEM TI

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