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DEPOIS...

Depois de amanhã, estarei con-
victo.
O Victo é o cara.
Hoje, só trago nacos de dúvida.
Minto.
Vejo muito as baratas em poesias secas, manchadas do vômito das musas preguiçosamente contemporâneas.
K diz de sua paixão por aquela guilhotina-para-pais.
Às vezes, a lambia como se lambe um sorvete como o melhor do mundo.
Às vezes, a chupava como se chupa o chupe-chupe da Dona Maria da rua por aí detrás.
K diz que estou ficando poeta. Acerto uma a cada ano. Quase um chato sopa-de-letras.
Diz que vê-lo em plenas 23,34 horas é insano, ainda mais com luzes fluorescentes.

Mas eu estou só fingindo.
Manda que eu vá me catar. Mas lhe digo que não sou pulga autofágica. O que é isso mesmo que eu me inventei?
Depois de amanhã, não o verei mais, porque estarei curado.
Depois de amanhã, tomarei remédios de não-ser.
Há amigos que me doem quando o poema se espelha e se masturba.
Querem que eu seja sempre o da estabilidade estilística.
Depois de amanhã, estarei convicto de estabilidades.
Depois de amanhã, estarei num grupo qualquer de poetas que se locomovem em manada politiquestética.
Estarei lá se eu me permitir essa ousadia.
Todavia, este passo, que é único e que jamais será repetido por mim me encaminha na direção contrária.
Todavia, este, que limpará a bunda do poema passado da esquina, se eu amassá-lo, e torná-lo áspero.
Todavia, este poema, 
 lutará por ficar na página, fingindo.
Só tenho a incerteza absoluta de tudo, a certeza parcial do nada.
Torço o pescoço para as zombarias dos bem formados na geometria das pedras. E não torço.

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