Pular para o conteúdo principal

LOUVADAS MULHERES


E assim foram condenadas à beira
do tanque das inconsciências.
As mulheres de Atenas, se lembram?
Faziam, atendiam, e
ainda fazem cafuné, atendem fomes.
Não percebem a terra até o pescoço,
que lhes foi entregue enquanto sorríamos.
Como que é? Estão me tirando?
Vão dizer que não...
E aquela terra então, aquela
invisível,
que enterra a dignidade delas
ao recato e doçura do aço?
Demos-lhe o Véu. Telas
Onde pintam
O Pai, O Filho, o Deus Virilha.
Nem perguntam sobre nosso muque.
Conseguido por lançarmos pedras
ao seu orgulho de existir.
Pedras pesadas que nos consomem
quando as atinge.
Pedras que lhes atiramos sem remorso
acertando em ricochete nossa alma
ou alguma coisa parecida.
E nas igrejas algumas pedem perdão por nós.
E ainda lavam nossos machados
com o corte de seus pulsos.

E então a gente segue,
bons pais, bons filhos,
bons irmãos, fazendo poemas
louvando-lhes o materno dom,
estendendo-lhes o cavalheirismo,
que se impõe mais forte
e assim as faz mais frágeis,
somos os machos gentis,

patriarcas disfarçados
trespassando
sua alegria com nossa fúria
dissimulada...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANTIGO NA CHUVA

A chuva no sonho máximo de alisar coisas secas pouca vergonha usa no se exibir molhada, cai vertical, nua das nuvens principais, fragmenta o agregado princípio, enquanto percorro o bigode  como um ser antigo, o sonho de folhas ao vento com a guerra ao norte  ... E começo a estender a arma eficaz - a toalha do pensar com estratégia densa, onde golpes anencéfalos esquecidos há anos aparecem do nada  e se servem dando ordem unida  na frágil luz do teatro

O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.