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SONETO BANDIDO

Não demores demais, venhas desnuda,
Que a veste é uma coisa que atrapalha.
Também não fales nada, venhas muda,
Que o tempo esgota e esta memória falha.

A minha língua lamba bem a tua
Nos buracos das bocas encantadas,
Depois, que eu desça sobre as tuas luas
A minha língua bem caramelada.

E assim eu volte a espremer tua face,
Numa trilha sonora de gemidos,
Minh'alma na tu'alma a misturar-se.

E, deitados na grama, em vão nos cacem,
Em vão, pois nosso amor é bem bandido,
Fugindo, para assim mais sequestrar-se.

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