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OS DENTES DE DENTRO

estou presente
e testemunho no agora
a volta das rochas enegrecidas
aos vazios castelos em ruínas
estou presente
e presencio o retorno
do velho homem do martelo

testemunho o pranto
que está prestes a vir
ao rosto da cansada mãe
e o trigo a apodrecer
testemunho na antiga tela
do pintor insano

o insano é lúcido

vejo um coisa a protestar
da liberdade de um homem
em pintar o sagrado
com suas próprias cores
numa cruz
e este coisa
cujo nome é número
tem seu sentir
numa urna eleitoral

vejam seus dentes
na TV
escovados com o creme
hipocrisia

vejam como ele defende
seu loiro deus
do deus que há no outro
cuja voz sangra
palavras proibidas
e é negro branco amarelo e
rubro

vejam seu mavioso terno
vejam seus maviosos amigos
no navio da pretensão
de virar o mar em céu

testemunho o pranto das mães
que em medo
rezam diante da obrigatória cruz
nos edifícios nos catres nos potes
nos pratos nos copos nos fatos

não há mais tempo
só templos
fora do temp(l)o
interno mas...

temam também
os dentes
de dentro

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