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ESTAQUEAMENTO DO AMOR

Minha cadela honesta,
cumpridora de seus deveres caninos,
se pós graduou em cheiros diversos;
especialista em perfumes acantonados,
cheira becos, frestas, papéis, esquinas, vértices,
esferas, paralelogramos urbanos, buracos,
narizes, cotovelos, dedos, mãos, cocôs,
xixis, pés de mesa, de cadeira, cabelos,
e cada vez que caminha, traça junções,
lambendo pedras meladas restos estradas
atenta a todas as direções
estendendo narinas
aguardando o momento de chegar
e de avistar ao longe a porta
as colunas ao lado
a essência dos donos que estabelece lembranças
o sustentáculo em cima do aconchego
o estaqueamento do amor em ração
carinho
e água
e passeios
até que ela durma em casa
num simulacro de marquise
como a do mendigo que anoitece
e me pediu cigarros que não dei


por não fumar

eu costumo negar cigarros
com prazer

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