HÁ GENTE QUE SOFRE POR
Há gente que sofre
por falta de amor
a si mesmo.
Há gente que sofre
excesso de dor
de barriga por
comer torresmo.
Há gente que sofre
de fome e de sede
por brigar a esmo.
Há gente que sofre
por morrer o carro
em estradas enfermas
e
por ter prestações
todas na mesma.
Há lesma que sofre
por escorregar
quando não queria
sair do lugar.
Há gente que sofre
por ser magro e alto
como a sexta parte
dos gigantes,
gente que eu não conheço
mesmo.
Há gente que sofre
por ser gordo e baixo
como um terço
dos mergulhados
em desfechos.
Há gente que
por ser persona
jovem comete termos de
etarismos e ismos
meios inteiros.
Há gente que sofre
por não aumentar
a folha fecundando o
cepo.
Há gente que sofre
por morar no gelo
dos polos.
Há gente que sofre
por rachar os pés
com os pelos do chão
afiado feio.
Há gente que sofre
por achar que veio
a data do apocalipse
no eclipse de si.
Há gente que sofre
por saber que é tarde
cedo demais.
Há gente que sofre
por saber-se morto
ainda medo.
Tem gente que sofre
por querer justiça
para sua só a sua cerca.
Tem gente que move
textos verdes,
quem sabe sofra
florestas.
Seus olhos são nuvens com versos, caravelas e peixes. E eu sou uma ressaca marítima. Há sede debaixo de meus olhos. Há demasiada ansiedade em minhas naus de ondas. Não há vestes a proteger do frio. Não tenho muitas saídas, você sabe. Tenho de ser peixe. Estou uma confusão só. Sou um coral de crises. Sou um rodapé por uma estranha corrente. Talvez se me entendesse, poderia ser Netuno. O forno pifou quando eu planejava a queima sagrada. E a casa envelheceu na árvore da chuva que cai pesada. Há chuva que melhor que esta enobreça os olhos?
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