A narrativa é igual vida.
A ausência de narrativa é morte.
(Tzvetan Todorov)
Minha narrativa findará.
Não
Foi tão boa.
Não foi tão ruim.
Será?
Enfim,
Como disse um (eu)migo:
Tá ruim pra todos os pés.
Meu pé dói pra alho caro. E sorrio
Dolorido de pensar
No ponto do borrão com que posso
Pular no lombo-narrativa e criar
O início. Não devo
Parar a narrativa.
Os órgãos clamam:
- À morte !!!! À vida !!!
O ser se finge de surdo
E escreve-se entre as exclamadas.
Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.
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