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Mostrando postagens de maio, 2014

BELEZA DE RIO

o rio que passa pela minha ideia nenhum é igual se fosse igual não sairia um poema fenomenal que sai por aí volta e meia fazendo festa rezando oração desconexa com ar de maluco beleza se cavalgando

QUESTÃO

Não sou tão bom escritor quanto gostaria se tivesse tempo de ser a mim mesmo verossímil de alma pequena como um empenho de vaidade fora de hora se houvesse a possibilidade de um ser estar fora de uma hora qualquer mas como cada um de nós está dentro de uma hora e suas subdivisões não tenho sequer tempo de avaliar-me

DE CARNE/PALAVRA

Apesar das paixões suscitadas por este tema,  nós acreditamos  que uma reavaliação  dos achados  das escavações mais antigas  e das contínuas descobertas feitas pelas recentes escavações  deixaram claro que os estudiosos devem agora abordar  os problemas das origens a partir de uma perspectiva poética de escavações imaginárias nos moinhos de vento. Sei que antes é preciso se libertar dentro da caverna que eu inventei para amar com mais tranquilidade a Carne-em-Palavra de uma maneira primaveril mesmo antes da colheita no açougue da obra.

HEI DE ELOGIAR

Hei de elogiar a loucura quando parar de enlouquecer e fechar a sutura do ser Hei de elogiar a loucura quando deixar de rasgar-me e soltar o ríctus do charme Hei de elogiar a loucura quando parar de exercê-la em alma mole  e carne dura

ONDAS

Há naquelas ondas uma sombra de espuma um rosto antigo feito de mar e com ilhas à volta de si meu pai me contou das cajazeiras molhadas de azul e do boi que derrubou com canções de Luiz Gonzaga e sanfona de oito baixos

SEMPRE SORRIR

Sempre olhar nos olhos, Demonstrar boa intenção, Sempre, sim, obrigado, Sempre ocultar a ira, Nunca endurecer a mole Fechadura da feição. Sempre não dizer pra nunca, Assinar bater cartão, Na empresa ser decente, Jamais hesitar a fala, Sempre sorrir com gastrite, Espremendo a condição Rachada da perfeição. Sempre sempre sempre sempre...

TRADIÇÃO DO AMOR por Elton Sipião

sexta-feira, 23 de maio de 2014.   Postado por  Elton Sipião o Anjo das Letras   às  5/23/2014 12:00:00 AM   Conheceste o meu amor através de palavras sinceras, águas que brotaram da cachoeira de um coração apaixonado. Agora, me dizes que eu era um desconhecido. Muito bem. Aceito, com ressalvas. Mas, estejas certa que para mim nunca foste uma estranha. Desde o primeiro momento, tive a sensação de um sentimento em “dejà-vu”.   Amargurado, fiz mal juízo ao questionar-te sobre o amor.   Foi a mágoa desesperançada que fez-me agir assim, de modo injusto. Respeito tuas oblações pessoais, juras sagradas,e as proibições de caráter particular e tradicional.   Minhas palavras sempre foram sagradas,porque o sagrado também habita no profano, e estas nunca tiveram uma natureza ardilosa,e muito menos foram soltas ao vento com intenções fugazes.   Por trás do muro do patriarcado religioso, só existe“A FALSA PROTEÇÃO” do macho sobre a sua fêmea, pois a alma feminina para ele é

NÃO QUERES UM POEMA

Não queres um poema que ame Que seja calmo e musical Me queres pesado Como quando tomo nescau Só me entendes Se eu bebo a manhã Com boca em berro Ou rasgo-te as saias Não me queres silencioso Como defeito de celular, Que eu ainda nem levei Pra consertar, por sinal E eu penso em ti como eras A descer a ladeira, O corpo mexido pelas mãos Dos ventos laterais Os olhos belos como originais estrelas, Despertando espelhos do sono eterno E a silente cadência dos santos teus  Atrás do teu celta vestido longo

BEBI DIVERSOS LUARES

Verdade de poeta é coisa séria, por um lado. Por outro, também apronta cascas de banana para escorregões. Um poeta quer um livro; outro, um jazigo, outro rasga traumas, outro almas (eu gosto). Verdade que bebi os olhos do verso, há muito tempo atrás, numa grande área de barro, e fiquei a partir daí diverso do que eu fora, buscando um poema-paisagem. Bebi os olhos do primeiro verso nas revistas de quadrinhos - primeiro Fantasma, depois Os Sobrinhos... do Donald e do Capitão Mac. Quando veio Mãe Preta já tinha topado no meio do caminho com uma parede de luar. Verdade que jamais serei ponto final .

MUJICA PARA OS OUVIDOS

Aos 77 anos,  o uruguaio José Mujica cultiva flores e hortaliças  que transforma em pássaros verdes. Tem um fusca azul 87. Dispensa empregados. Sempre é visto  nos restaurantes populares. Sabe fazer magia com o dinheiro público . Assim são as atitudes poéticas.

FINGIR VITAL

Fingir a dor universal dói tanto mas eu não corro... E eu não sei pedir socorro Para um fingimento tal... Tudo parece tão normal E se parece que morro É que o verso me é vital...

CAMINHO EM PARADOXO

caminhos claros de repente escuros caminhos duros de repente escarros vasculho fósseis neles me farto fosses óssea poesia jogava-te no mato quanto mais avanço mais quanto menos danço caio caminho em paradoxo adoço doxa que é popular crença e descrença e o prato viro na garganta intensa sem pressa vielas escuras apuram o passo claro na chuva desta época inversa

FRUTO E FLERTE ORELHA E OLHOS

De mente confusa, monto fusas contra dois inermes corpos. O sol tão quente só nos dopa em músicas. O calor é brabo abraço a fera abrupto. O suor é luto farto, som, fruto e flerte, orelha e olhos. A toalha é folha e a folha é bela embora a bula um olhar de bulha. Pego a caneta e risco a falha que me calha e vence.

VEM E VAI

Você vem, Você vai, Você vê, Você sai. Te olhar Dói de luz E é solar, Que faz jus Por amor De mais ir Que voltar Deste amor Que é luar Sobre um mar De cansaços

POEMA-CARNE

Cuspo dactilo-amargo eu de entre os dentes frágeis. Rútilos resíduos  ágeis de desejos bucais. A febre foi adquirida  por querer domar dela o poema-carne indócil.

ONDE O QUE QUEM OU QUAL

Só parti-me em mais eus Quando ao te ter desertaste Depois que o ser estacou No ralo azul do além-ser. Só me refiz quando fiz Do não-lugar o lugar Onde o espaço é falência E onde o tempo é por trás. Fui para longe e escrevi Um verso ausente mendaz E até agora não sei Onde o quê quem Ou qual mais.

TE DIRIGES PARA MIM

Te diriges para mim. Sei que passarás ao largo. Não me conheces. Me odeias até sem me conhecer. Talvez devido àquele torneio Na Idade Média que ganhei Para a concubina do rei. Imagino que nunca participei desse torneio. Que nunca conheci a concubina boa e bela do rei. E que vens e não passarás ao largo. Não me conheces porém. Me odeias até sem me conhecer. Culpa de outra vida. Como iria saber? Imagino que me abraçarás e serás presa do amor eterno desses amores eternos dos cadernos adolescentes de minha bisavó, infinito sentido de meu bisavô. Te diriges pra cá. E imagino que me beijarás e morderás o meu pescoço e sugarás meu sangue com ternura e me farás escravo do teu castelo que imagino ao norte da Europa. E toda noite me possuirás com teu mons púbis de Vênus e coxas macias e cheirosas. E toda tarde passearemos no jardim de ouro. E toda manhã banharei teu colo com água de eros. Mas sei que passarás ao largo. Pois me odeias por dentro do passado,

A MINHA ALEGRIA

A minha alegria é beber no copo que há pouco seguravas mesmo longe dos teus lábios. A minha alegria é o sol existir é a lua se exibir e eu pensar que é por você que só existe para este poema não deixar de existir.

HOSPEDARIA DE MIM

O sol na minha hospedaria. a lua na minha hospedaria, a poesia na minha origem. Tudo povoa minha seiva. Há milhões de emoções. O suor refresca minha casca. Na minha raiz, a mãe. O útero dela na minha raiz. Os sentimentos que me adubam partiram da Terra De Meus Pais e moram na Hospedaria De Mim talvez para sempre.

EM CIMA DE MEUS LÁBIOS

Não sei se as coisas morrem quando a sombra avança. Só sei que a infância corre enquanto o adulto cansa. Havia uma rua. Havia um campinho. Roberto Páscoa. Edson, Bininho, Lula Balula, e eu subia todo muro, pra alcançar o sonho que eu nem sabia. Ainda há essa rua, embora velhusca. Eu perdi a prática de subir muros. A rua é de outros meninos que não sabem que ela tinha mais músculos, e nos aguentava, a mim, a Roberto, a Edson, Bininho, Lula Balula, e a uma menina tão linda, tão linda, que namorava o Edson Páscoa, enquanto eu, da Guarda Real, vigiava e invejava sob o encanto da magia da beleza de Regina, que seria Mulher Maravilha quando crescesse e ceifaria toda a injustiça, ela dizia em cima de meus lábios. Fiquei muito tempo na Guarda Real. Nunca fui de família nobre.

NESTE MIRANTE INVENTADO

Na sala de não-fumantes não-fumo minha cidade que teve muita fumaça em sua vida. De vez em quando, escapa Para um cantinho E fuma um tiquinho. A perdôo porque é barra tentar parar. Não-fumo minha cidade mas a vejo em névoa londrina. Um pouco de aço, um pouco de fertilizante, um pouco de pó aqui, acolá. Vejo um cachorro e um menino e o menino sou eu e o cachorro não é meu, apenas nos encontramos e seguimos um olhando pro outro, a dizer pelos olhos que vai ventar pra caralho. Mas eu mesmo estou de longe, adivinhando esse papo e não-fumando minha cidade na sala de não-fumantes deste mirante inventado.

O QUE RESTA

Rios plenos e escuros de léxicos e tóxicos abrem os ouvidos às árvores oblíquas de um tempo brisado. Inadmissíveis teses jorram folhas de lata. José procura a filha, entre águas amplas, crendo nas vozes restantes da ressaca da última alegria. Mas bem lá no fundo sabe da insensatez de parar o seguidor de seu próprio destino.

SONETO DE CHUVA FALASTRONA

Olho para cima. A chuva fala. E é serelepe como uma criança. Quer limpar corrupções e fala E vai penetrando as reentrâncias. Fuzila telhados com metralhas. Olho para cima. Sentado no tédio. A praça cheia. Odes. Epicédios.   Cervejas derramam-se pelas falhas . Penso no seu xibiu de letras.    Com o peso que lhes dão canetas Em ansiedades indefesas. E a chuva continua, continua, Nem aí....puro desejo, desejo, A foder raios de lua, lua, lua.

LIGAÇÃO COM AS FARPAS

É conhecida minha ligação com as farpas do poema. Meu sentimento de fraternidade não precisa de nada além disso. É inevitável pois todo dia estou sobre a tábua, me ferindo. Sempre está cheia de rugosidades e há muitos nós. Claro que é dolorido o diálogo de cada farpa com minhas mãos. Meus pés não se metem na conversa. Até desprezam o corpo com farpas. Hoje minhas unhas já não vivem sem as farpas. Apenas tento ser lúcido e sem oratórios na mente. É por amar farpado que acendo a luz por dentro E louvo as mulheres enfeitando as árvores.

O SONHO

Ele quis seguir Judá. Cobiçou a mulher do próximo. Lambiscou a mulher do filho. Só não contava com o governo A fazer sexo com seu salário. A fodê-lo, aliás.

A UMA FORMIGA APOSENTADA

- Absurdo - diz-me a crítica nauseante de recheios sãos, em uníssono. Eu falo: - A técnica é necessária, sim. Sim mas Não. Sou um eco, carburando dores. Sou insano, como o estômago do lixão. Minhas flatulências ontológicas e homéricas destronam reis lears e assumem o reinado do mau gosto. Ela veio até mim querendo que eu ensinasse o segredo do brilho em meus olhos. Ela veio até mim com o útero como lança. Eu fui até ela carregado de antigas presas mastodônticas, havia dentes e retalhos de pele em minhas unhas. Já havia retalhado a carne nos rochedos, até atingir o fígado de Prometeu. Ela veio até mim, inocente do ser primitivo e dos deuses que eu havia devorado. Ela desconhecia meu poder antropofágico, as virtudes menores que os defeitos que arrebatei. Um certo orgulho no calombo das costas, uma vaidade descomunal nas costelas, meu andar torto de ator de mambembe. Ela não notou minha sede, minha fome. Apenas queria o fogo de Prometeu. Por quê quando eu subi as escadas e bati à janela,

CISCO NOS OLHOS-LEITORES

Ficarei aqui, oxidado de signos estéreis. Ficarei aqui sem arquitetura. Mal "rollo". Esvaindo enquanto galho de comunidades De escritores-doutores. Mal "rollo". Vontade de chão com meu grafema-gravidade. Vontade de raspar nelesinsetos a sola d'alma. Há uma infâmia em compartilhar-lhes as virtudes Que não possuo a não ser como cacos colados. Tenho ciscos nos olhos-leitores que conquistei.

OUÇO-ME PARA O NUNCA

Há um cansaço de andar aqui dentro. É preciso força nas pernas deste dia. Excesso de folhas amassadas nos meandros. Está o poema entre o espaço e o não-de-pensar. Como estou a me falar sem pensar, Ouço-me para o nunca e o jamais.

CARTA ATROPELADA

A carta de amor atropelada perto de uma mão rígida e de um corvo no trânsito onde erigiram uma praça na qual dormem assassinados escuros é um sinal de que nem tudo termina como se prevê em nossa floresta.

O VERSO VEM LUNAR

Uivaria para a lua  e assim honraria a família de lobos com crateras no focinho. E não haveria sabor  e eu ficaria mais licantrópico vermelho  embora a aurora me roubasse o rubor. A parentela está estendida e se irrita pois nego a febre que insiste em escrever-se. Tenho de ser mais hífen menos circunflexo em meus uivos, digo-me, pra honrar aquele bisavô que me disseram misto de lobo e safado. Penso de novo nos pelos do retrato. O verso vem lunar,  uma mulher independente e doce.

A PÃO E MÁGOA DE VERDADES

Quando me atirou no rio, Meu pai queria eu lutasse, Que eu aprendesse o nado, E ferisse ao dar a face, Quando me lançou das pedras E me escondi sob a casa, Queria que eu crescesse, Assim como em Pedras Se Indo, Um filme muito sucinto. Quando me descarregava Acima do seu pescoço, E de lá me atirava No abismo ao sul de Cnossos Era pra que aprendesse Os vôos de antigo Dédalo Na alma do filho intrépido. E das vezes em que fez Rastejar-me na parede Me preparou para Kafka. Quando me deu às mulheres Da Zona do Cais do Porto, Queria que eu aprendesse Com meu pau de rijo estofo Sobre o Teatro da Estrada, Sobre as delícias da Pele E seu orgasmo-em-palavra. Até hoje escrevo em tábuas, Ouvindo-voando e uivando, Principalmente rangendo, Com sede, a pão e mágoa De verdades desfazendo.

LUZES DOIDAS DENTRO (à esposa)

Em teu jeito, Céu de Neve, Deixo imberbes ramalhetes De meu poema de verbo atlético Surge o barco de pau-brasil e afeto   Em meu oceano de coisas pra te dizer Há águas de lirismo e espumas de dor Por tua lua, esposa, faço poemas de peles de lobo Sei, por minhas falhas de pedra, que pequei Bato nas pedras com lençóis de mel e luz Bato nas pedras com semínimas de astros Por você quero ter poemas aos mil E significar e ressignificar-me Recheado de neve cada verso perfura maçãs E claras ânsias tenho entre teus braços Tens olhares a que dou sentidos metafísicos E nos quais me banho de luzes doidas dentro

FOI ASSIM, VÊ SE PEGA...

Foi assim: a vovó de Chapeuzinho namorava um Papa-Figo que era gordo e branquinho e não gostava de fígado por ter nojo do cheirinho. O Papa-Figo sonhava com um banquete supimpa onde se alimentaria do "figo" das figueirinhas de um pomar que inexistia. Ele queria mudar daquela morta cidade onde os outros papa-figos zombavam com crueldade de seu gosto por frutas....... Entendido?

SEM POUPAR ERROS

Lutar sem poupar esquivas. Torcer as palavras vivas. Nunca deixar de banhar-se  no barro de invectivas. Dar verbos  às anêmicas frases. Sempre separar células  contaminadas de certeza verbal. Por isso, escrever  com os olhos a vazarem, humanos de amar . 

AFOGADO DE FINGIR

Ilusão Me serviram ilusão  Com muito sal Pressão alta nas asas Caí sobre o mar ilusório Com sal e sonho  Sobre as têmporas Ilusão, eu sei: Não despenquei  Com sonho e sal Apenas pensei Que despencaria E quase morri afogado Usando o travesseiro Como bóia no mar lençol Quando acordei Bem de manhãzinha

PARAR OLHAR E SEGUIR

Meus ombros cresceram Com sombras de aparo. Castelos caíram. Outros mil subiram. Dormi sobre seios De vento e brisa. Me serviram lendas datadas Sem efeito sobre o pâncreas. Apenas ficou a paciência De parar e olhar e seguir De parar e olhar e seguir...

DOENTE DE NORMAS

Deitado, eu estava  Curado, Fiquei de pé, Olhei o horário, Escovei os dentes. Vesti a roupa. Me perfumei. Saí correndo. Peguei o ônibus. Estava pesado. Pensei no serviço. Cheguei atrasado. Bati o cartão. Caiu a parede e o chefe  Descascados. Preenchi papéis. Seguindo normas. Cheguei ao fim do dia. Seguindo normas. Bati cartão, seguindo normas. Peguei o ônibus. Toda mulher que via  Se chamava Norma. Desci do ônibus. Doente de racionalismo. Deitei. Me curei de novo. Pude sorrir com toda a desrazão. E sentir com palavras choradas.

INSETOS NA MÁ FIGURA

Há insetos lambendo o ar da má figura. O fim não veio pois está tomando um cappuccino. Há insetos de fogo sobre rochas de corrupção. Há insetos de lava sobre os discursos. Um mar de insetos-línguas aberto sobre palavras em desordem. Um mar de insetos vermelhos sob cartas marcadas. Um maremoto de fígados sendo devorado nas câmaras. Há sombras nos passos dos inúmeros diachos. E apenas é de noite e vejo no mapa da alma um corredor atulhado.

SE FOR, DER, SE LAVA

Se quiser cuspir-me os pés, Estou bem forte, solar, Estou tão nu quanto o aço Da solidez deste ato De você ver-me ao revés. Se quiser, me manda embora, Porque eu vou suicidar-me Atirando-me à palavra. Prenda o dedo, quando for, Na porta ao fim deste poema. Se for se foder, se lava...!

O TEMPO DAS FORMIGAS

O Tempo. Suas formigas fazem a  dança das folhas. Um dia tu, Mulher, Dançarás no fogo Com a pele fresca? E as formigas ainda farão As danças das folhas. Por que eu quero abrir-te os olhos Se aculturam-te o charuto e a burca? Por que, por que, Se estás feliz assim E as formigas não param?