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Mostrando postagens de outubro, 2013

STAR TERRA

Foi o começo da história. Depois, os tiros foram flores e o céu curvou-se, mostrando o peixe estelar. Um poema, olhos, peixes,  pássaro anão-branco, corpos em pequenos feixes cinzas, ao redor dela, a filha de Gaia, protagonista só no final, quando arrotou um terremoto...

VEJA...NÃO SE DESAPONTE

Não se desaponte comigo Por eu demorar o olhar. É que há um elo entre algo E os deuses que se vestiram De penas de anjos caídos Em rachas sujas. Ele sempre sonhou estar Traçado na parede. Não se desaponte comigo. Enquanto olho e penso em asas, O vinho não deixará de ser vinho. Digo já: és tão sol escorrendo. E sempre creia quando falo  De dentro da ventania De tua pele. Embora olhe Pelas bordas das tuas ancas.

TALVEZ ESTE ABSTRATO

Talvez meu modo abstrato seja um jeito concreto de abrir a criação, cercando o papel em branco com palavras que fingem pintar com poeira meu avesso retrato. Não tenho de ir por onde seja fácil soprar. Muitas vezes, não tenho solidão suficiente. Quando crio cálices de pássaro deixo a alma voar.

SÓ O ESTAR

Está bem. Ando onde  o estar prestes ao canto no ser  viceje no galho prantos de cor insubmissa. Está bem. Desando por querer criar um mundo com  asas, sacrificado anjo azul, punido e escavado como um fruto passado.

MAR-AMAR

Amar azul mente o mar-amor va zan do com o fervor supremo  das cara- velas redivivas como barcos a vela. A pele num ta- pete a nil,  onde passe  o dobrar de um céu ante, sentindo  a água nova  em flor,  orvalho de  peixes nos pés. Jogando corais o sol  de ilhas vazando, belo como teus olhos  no sangue das á guas.

ESTAVA TRANCADO

Estava o poeta trancado como um barco no azul do quarto,  pois levaram a chave. Quando arrombaram a porta, ele era defunto de ar na praia da cama e ninguém o viu flutuar, em movimento,  no vento, e rodear a lâmpada, abriram a porta de algas e ele fugiu, quando leu a maçã de palavras

DONA POLUTA

Lá e-vem  Dona Poluta, Na esquina, a filha da Cicuta de estireno Oferecendo-se, Beijinhos de tolueno E butanol, Cloro isocianúrico, Acrilato de butila, Im(propileno), Por um pouquinho de Dindin pra cuia Dos leões do lucro Em fumaça : crise Infame na bulímica Dona

KAFKAMORFOSE

Roendo o farelo Em feroz usança: O barato ofício De Gregor Samsa Amava a parede Agora e comia Os restos caídos Das antigas mãos Todos rejeitavam Sua carapaça, Tal era o entojo De suas falácias

AQUIESCEU

Riu-se ao discursar perante os hipócritas. Aquiesceu e foi mal interpretado. A hora soou distante. Guardou a cabeça. Tirou os olhos dela e ela nem existia, mas lhe piscou. Assim, enleado, não percebeu a própria vaidade. Não havia senão formas de fora e nem deu por si. A peça era um shopping vazio de idéias ausentes/presentes. Há muita responsabilidade no concordar com os focos. Sorriu para o público quando mal tinha uma boca. A estória pedia que morresse. Não o fez Porque sempre fugira ao fácil.

ATRELADO A FALSAS FACES

Atrelado a falsas faces,  mente. E assim planeja sobreviver  depois do jogo. Plásticas pálpebras  assumem o número que lhe dão. Alia-se a visões que não existem  além da própria cabeça. É quem mais sofre. Chora. É quem mais faz justiça. Cora. O número de moscas que vitimou é infinito. Ora. Suspeitas com juros  são geradas por diversão. Quem pode provar o que diz. Todos o invejam. Está convencido. E às vezes salga demasiado  a carne dos boatos. Mais falsos  só mesmo os tribunais  em que se inocenta e se culpa conforme viaja.

DA ESCADA AO RÉS

Apenas  inspirar pela boca  da escada ao rés desentarde(SER) subindo errando o degrau certo e certo errando inacessível a receitas para o topo s e r  (sendo/subindo/descendo/estando) expirar  pirar queimar-se

CASCAS

Tenho umas metáforas, Cascas desta ânfora, Festas desta ágora De verbo e palavras, Deste real, destas perdas. Contra as duras órbitas Do orbe oriundas. Um poema não é fácil. Contra as minhas cismas Contra o giz da máscara. É nelas que lavro E assinalo o ninho E escavo a cova Pro sono da dor

DESEJOS DE VIRTUS-BYTE

O espaço a devorar Aperta-nos de abismos, Invocando sedes e redes: Tumbl, Facebook, orkut, Fornecendo respirar efêmero E risível ao Jogar almas contra telas, Despertando polutos consumos: Desejos nos virtus-byte-troncos. São o tato da pseudo-vida: Veloz atrito no "saite" extra Fazendo íntimo abismo e Acaba que criamo-nos Navios frágeis contra as pedras.

DESPELANDO O SER-PELE

(poema de 2011) Quero tirar-te Dos meus ouvidos. Por isso estas orelhas-toco. Quero tirar-te do meu juízo. Por isso o poema Me estoura o oco. Quero tirar-te Do bem-olhado. Por isso a íris que furo agora... Sou violão em desfalque? Quero tirar-te Da minha pauta. Da pele quero despelar-te. Por isso os ossos Que intimidam. Quero tirar-te da minha boca, Por isso fechei-a com a fome. ...Mas como esquecer o pleno Pensamento onde estou Se tenho um falso conceito Onde uma idéia morou?

PERMISSÃO

Ouvem os uivos de tua indignação. Se aproximam e não notas. Comungas casas separas rejuntas e desmontas portas do início da casa. E eles ficam lá como o guarda de Kafka.

SEU OMBRO

Seu ombro tangido aos ferventes Magros deuses sem afagos. Seu rosto - lança desfechada No alvo das dormentes águas. Seu corpo em finas teias, Preso nas garras do relógio, Seu corpo estufando areias, Instando barros, escolhos.

BALA PERDIDA

O vento com  pés de amor-bala-perdida. E mais chuva,  encharcando as asas dos pensamentos com fone cinza. Quando fiz este poema não havia celular. Mas o anseio sempre foi um bocado de terra, Onde desenhava aos sete anos No local onde hoje não-é A Associação. Lembro da menina. Ainda a desejo. Tinha um probleminha na orelha. Perdi a chance de mordê-la.

VAMPIROPOEMA

Ontem, quando, estático, Pulei sobre ti, rias De mi'a chama tácita. Quando te amarrei E alisei-te a pele Não era o amor, ainda, Embora entre ele e o desejo, Entre esses dois gêmeos, Muita vez enlouqueço De não saber o imo. Em turvo canto, As unhas deslizei Em tua aorta, Cavando o suficiente Para a plantação da horta Do meu semear canino. De ereta vontade e hálito fino, Risquei em ti ranhuras Com meu pau em chamas Espumando tua derme .

ANJO ATROPELADO POR AVIÃO

O verso-ator as folhas Subindo ao palco-árvore. Dorido orvalho, as portas Do teatro. Bem o musgo musica Atores sob os spots. Que o abscesso rasgue o público Com carnamor de piano vegetal. Que possa haver sentido No depois, se for de peste. Antonin Artaud cutuca o dedão Que exala feito anjo de avião.

AO MEU REDOR

Ao meu redor, as coisas que elevam não me dão ouvidos. Quem mandou eu só saber falar por carcomido verbo de raiz precária.

PALAVRA EXIBIDA

A palavra se exibe Mas é casta Usa burca E minissaia Um tanto "paia" Mas social Da tua laia Antissocial Cansaço do excesso de palavra exibida. Prender conteúdos só como ilusão. Alusão. Um A para um O. Fusão. Con. Falo pra que possam não me ouvir Os cheiros de mofo e placenta

SE AS COISAS

Já corri mil vezes entre as piscadas dos dias Por tantos fatos que me coube viver. Já diluí sem piscar em nuvens apressadas As minhas tontas visões fragmentadas. Mas paro aqui agora para contemplar Gravuras dos que se foram nos anos idos. Me diziam: se as coisas doerem, Pense atrás e pare tudo no passo de ontem Ou enfrente.

ABDICARIA

Pudesse eu pular A dor do tempo Sem pétalas no espaço Espinho ao vento Abdicaria

GELO E CARVÃO

As guerras continuam.... Generais e Marechais gelatinosos Tomam vodka com Presidentes. Quantas cachoeiras acesas deliram por tua sede nada bélica e gótica? Que atires poemas líquidos sobre angústias em fogo e faças uma pomada que os cure. Aproveita tuas mãos tristes e fricciona no agudo calo interior dos que ferem. As guerras continuam, mas... Há fome, rios engolindo olhares, etc. etc. E se passares um unguento, uma droga em poucos versos, ou quem sabe em diversos sons fazer sua morada de revolta e fúria? Continuam em nós as bestas da guerra de dentro pra fora de fora pra dentro em vermelho-cinza absoluto e relativo, entre dois princípios de gelo e carvão.

MORREREI JÁ QUE VOCÊ QUER

Me falam que morrerei. Me vigiam sabendo disso. Que morrerei por vontade Em qualquer retrato. Falam de um mosquito. Que perdeu sangue e caiu. Pra que eu não perca o meu Quando a vontade vir. A morte nasceu numa espinha Que no meu rosto apontou. Era tão poesia minha  Quando do ventre eu saí. O oceano brame ao longe. Ele é feliz tempestuando Ouvindo o canto da terra, Eu sou morrente mas ando.

UM POETA TAMBÉM

Um poeta também se vende em troca de uma aranha que teça fios de vida em café livro sofá ou em troca de um país melhor de uma cidade ideal sem cabelo em rochas sem azedas calabresas mulheres metálicas sem aceboladas cabalas com qualificadas coisas praças cultura, cortina, ventilador, ar condicionado, mormente, onde outro poeta se compra .

CHAMADO ARREMEDADO

Assim meu mundo caminha nas arestas Cheio de extensões fraudulentas do ser: Cópia de algum outro que se imagina original A montar o arremedo de si abaixo do título.

EXCESSOS SEM CORPO

Há excessos de Deus-Sabe. Há medo de não ter pedra Que abra a casa dos bons Que em altura se atesta. Pastores flagram ovelhas, Monges entopem cadeias, Sacerdotisas enganando, Ambições fazendo a feira. Temos que criar valores No corpo a partir daí Dar carne sã como for A inéditos princípios.

VÊS

Vês como molham-me teus olhos raivosos? Me afogam e transfundem e resfolego... Que eles soterrem-me e me irisem...

UM DIA ME MATEI, ENTENDE?

Um dia em que um amigo morreu no ajeitar-se às pedras, uma amiga o criticou, dizendo: suicidou. Um fraco. Merece pena, não é como você. E deitou sobre mim uivando um gozo provisório... Então, eu me matei, depois de lhe deixar o meu orgasmo. Porque para um homem se matar tem de ter em seus olhos o fogo da Fênix, em sua boca o hálito de Cérbero, em suas orelhas o segredo da Esfinge, em seu pescoço a dureza dos Titãs, e desafiar os deuses como Prometeu, para enfim chegar ao esquecimento de muitos com os quais até se deu. Me matei e ninguém me impediu. Porque a decisão é solitária. Quando a gente quer, quer. Foi assim: escureceu-se o palco. O trem vinha ao longe. Ainda olhei pra trás a procura de um acaso. Quem sabe de uma mão eterna. Só um rato enorme ultrapassava a ponte.

POEMA MERGULHADO NO AMIGO

Passa o letreiro. O corvo só é ruim Sem filme de terror americano. Há escuro em não ver-te, Melhor amigo, de preto, Mas é que tu partes Sem dar-me aviso Ou amuleto. O letreiro passa. Como farei pra me enxergar? Se quando vivo Me alegravas Com teus xingamentos E piadas de amor lascivo? Amigo, como escreverei Sem a troca do sonho? Como remarei sozinho Neste barco bisonho? Ficou tão grande esse mar. Ficou tão alto  o barulho das ondas.

RASTRO E RASTRO

O rastro na mente Devora pensamentos E as horas tartarugam. O formigueiro da criação Tece rabiscos Com arabescos ínfimos. O rastro na areia Demora em labirintos E me guia em vidro A entrevida.

PORTA

  Uns-e-Outros falam uma porção de coisas. Que há uma porta inicial. Que, atravessando-a, tudo se resolve. E então todos passam a se lembrar Do quanto era bom viver num jardim E nascer como uma planta diversa Todos os dias: áurea raiz. Outros-e-Uns falam: Esqueça. Esqueça. Mas como esquecer Se já ouvi uns, Se o cheiro do jardim Já imaginei a subir-me Ao nariz?

VIOLINO SIMPLES

Um violino guarda os desejos da cidade. Se necessário também sabe o choro dela. E um bom violino sabe subir em prédios.

FENDIDO

O ser côncavo Crava. O ser cântaro Convexa. Do ser que fui Me faço anexo Cravo e cruz Aqui.

CUIDADO COM ELES...

Espalha-se o poema como flor. Que todos sejam alimentados do que é redigido em suas pétalas. Que todos matem a sua sede.  Pronto. Ficou bonito. Um poema com cheiro. Mas...cuidado, há os poemas  gordurosos de rima, corrupção gramatical e gás léxico do bafo de definidores e de seu ódio ao eu. Cuidado . Levanta a cabeça. Eles passam.

BOCA, OLHOS E CHEIRO

Enfie esses dois olhos no retrato que eu os pegarei se estiver farto. Enfie essa boquinha no armário que depois acharei depositários. E o cheiro de peixe desse teu quadro enfie embaixo deste meu sacrário. Sigo para a noite. Acendo minha alma e sigo. Não enfie esses dois olhos no retrato. Posso precisar deles. E essa boquinha posso barganhar com viajantes. E o cheiro de peixe pode me alimentar o nariz faminto.

OURO AFETIVO

No meu peito uma tela amarela quer tomar o lugar do sol escorrendo metais sorridentes. Ilhas de mim! Como ardem por teus tubarões! Tenho dois girassóis nos meus braços, e uma esperança, uma grande esperança, fervendo como café com ouro no horizonte para os lábios da nossa manhã marinha.

TECIDO DE AMOR TECENDO

Quando tu vieste, vaporosa como os peixes longos, diferente, com essa guitarra que, amorosa, assemelha um ser que muito sente; Quando vieste, mascando bem forte esse chicle mole, "beat"/ácido, irreverente o seu canto à sorte, tom desafinando, quase pávido; Quando vieste insone, toda em preto, ao meu sonho-em-vida meio surdo, o teu mito, Morta, foi rasgando, mostrando que o palco é quase tudo.

MINHA SINA COM PRESAS DE MARFIM

Há elefantes-escribas na sala Sobre trombas de letras Povoando o vinho das frases. Todos fingem Que leem estas linhas, Mirando meu marfim, A esperar mais  Do que minha sina pode dar.

DE MEDO E PÁSSARO

Um pássaro fugiu. Levou pacotes de vento com cheiro. Deixou arapuca com pontas de fogo. No céu, asas com carvão. Um pássaro fugiu. Levou liberdade com gemas. Deixou coração com açúcar. Predomínio de mãos em folhas. Um pássaro foge todas as manhãs. As mãos que os libertam ganham noites. O homem que sou é asas com seiva E escorre líquido com  palavras.

DEBAIXO DO CIPRESTE

Há lances de colostro No fogo que alastras Sem fim Dos lábios Faz renascimentos Ao sul de teus beijos Dilatados verbos De veias infladas Se exibem Ao escrever-te E do orvalho Entre tuas linhas Verbal dilúvio Dá poesias roxas

DA PELE DOS PÁSSAROS

A casa está atroz. Há um tom sombrio. O que é a alma triste senão a flor deste tom? A morte é demasiado rude. Um de seus apelidos: .... O papel está sem calma. Há um mar. Meu olhar rompe a tempestade das garatujas próximas. E não escreve nada.

ÍNTIMO DESTE CÉU

O que é real, o que tem formato íntimo deste céu, onde se esbatem origem e expectativa de fim, onde o único sentido é estar sem a roupa de razão, onde há dragões com fogo em relâmpago no pressentimento do próximo Só posso pensar no real enquanto transcenda o fato de estar nuvem a caminhar para amor chuvoso

ÁRVORES EM COÁGULO

O que ficou entretecendo, Entre farfalhar de sementes, E esgalhar no leite do ego, Fez lagos coados em co(EGO)lo.

SURDA VELHA

A velha surda e calminha como aquelas mulheres não da vida sim da morte pois a vida lhes queimou com iniciais puritanas pediu ajuda para passar por sobre o espelho que só ela via e que no chão lhe repetia A velha surda e calminha como se depois de tomar sopinha ao passar o espelho pediu ajuda para enxergar os olhos de abismo que só ela via lhe zombando as orelhinhas finas tão finas como um cocozinho de formiga se acaso A velha surda pediu ajuda e ninguém deu pois os alguéns que ela via temiam o olhar do abismo e só haveriam de nascer em outro no meio das tintas do caminho como uma pedra escrita por Spinoza Muitos perguntarão se se deve ajudar velhas surdas a irem ao bom teatro e a resposta já não pode ser dada quando se nota o seu sentar no ultimo banco do teatro desagradecendo a Algum Deus Fabricante de Aparelhos para Surdez Caros o estar ali para assim ouvir com precisão o que o ator/atriz dirá em notas máximas Para ouvir com precisão... Então, quando ela abrir as orelhas sem aban

ROTATÓRIA

Abro-te. Rota, brote O ator e o arrote.

HOMEM CIFRADO

Imagem de homem cifrada: Um jeito lasso e falante Em meio a sacos, danones, Restos que o homem consome. Suas mãos: anseio e tônus. Cessou sonos e seus ecos, Atestando um choro insone. Um bebê-homem num saco: No vocal vão e no vácuo O suco de estranha fome De placentas com catarro.

NÃO DEIXAREI DE.....

Não deixarei de..... Podem as guerras dizimar piedades com silenciosas bombas químicas. Sempre haverá palpitar nas vidas. Podem os rios fluírem areia, podem as árvores fumarem seiva, podem as flores falsearem beleza, e folhas anteciparem o outono, e girassóis enregelarem. Não deixarei de..... Podem os abraços se perderem na distância, podem os anéis se afrouxarem entre os dedos, que sempre haverá amor dentro do medo. Não deixarei de ..... Apesar das escamas sem os peixes, de sereias feridas pelas quilhas, de tritões desbocados de corais, de desfiladeiros no espírito. Inobstante jacatirões de esquecimento, flores vermelhas, jequitibás de mágoas, figueiras de cem nós de rejeição, não deixarei de... nestes tempos de pura raiva e acúleos, nestes tempos dos impacientes tiranos cabeças de cão. Sempre haverá coração para sorrir, sempre haverá coragem para o fim, para traçar o poema pro delfim, para sorver a aurora com defeito, de romper a morte em tungstênio, de salva

(IN)DIFERENÇA

Em mim o sangue secular de árvores inominadas. A indiferença em mim ganha foros de seiva virtuosa. Meu caule rugoso doma o espelho. Posso falar de amor como água verde e nutritiva. Ou não. A indiferença em mim não existe porém.

PODE SER QUE UM DIA

Pode ser que um dia aconteça o melhor: o sol nasça solando a canção de Belchior. Aquela de um rapaz sem dinheiro no bolso mas de alma em paz... Torço...

SORRISO DA CHINESINHA

Ela mora ao sul do meu arrozal, é chinesa e ri com face estival. Com o seu sorriso, faço nalma um mar e singro sem medo para ao todo amar. Se ela soubesse, por mim sorriria? Não, não vou falar, risco eu correria. Ela mora ao sul do meu arrozal. E é de minha alma razão principal. Um dia lhe conto... E se ela casar? E se o amor matar-me antes de a encontrar?

SE ME ODEIA ODEIE SENÃO....

Se você me odeia, odeia-me alto, sacuda planícies e planaltos, estoure ouvidos, vitrinas quebre, façamos guerras de sangue fluindo, enfim, tem de ser fatal, amada, em vermelho-sangue, que meu ódio por você já me deixa exangue. Agora, se me amar, é outra conversa: pega um banco, sente, e me olhe fundo, que em meus olhos chorosos, profundos, fiz mares paralelos pra afogá-la duas vezes.

ANANÁS QUE ELA EMBICA

Enrabichei numa baixica; abaixe aqui, deixe a xícara, Veja se abarca o cheiro do ananás que ela embica.

SETE E SETE

Sete e sete são quatorze, Amor com mágoa - amorágua. Joguei pedras na (mar)mória E forcei-me a (amor)daçá-la.

SÓ A NOITE RESTA

Se não deu, pessoa, come umas dez broas feitas de nonadas, pão de queijo fino com sabor de mágoa, dê um beijo no espelho, que tudo é vão, é ínfimo. Se o que te faz pó pesa na coluna, desenverga, firma. Talvez seja o tempo pleno de olhares julgando tualma, ou tu mesmo...Calma. Pois a vida arde, faz alarde de manhã mas passa e vira fumaça à tarde. Só a noite chã pra dionisar.

COM ORAIS MÁS ÁGUAS

Um dia o poeta,  encachoeirando  c(orais)-m(águas),  fez delírios que fervem, queimando a alma  com inesgotável água. Assim, o ato de fazer  o ser com ondas cometeu, plantando sua líquidas  inverdades mais leais.

PALAVRA QUEBRADA EM TROPEÇOS

Nas teclas flutuam meio selvagens compostos arcos de ensimesmar. Hoje há sons oblíquos nas asas de mim. Hoje há luz em cílios de folhas que matam. O ser enfrenta outro ser e põe o amor na "parada" e em poema interior tropeça e quebra a palavra.

TITITI

O camelinho branco sonha ser deserto e uma caravana desliza no lago de seu sono arenoso. Um sujeito lanho rosnando no buraco pensava o Egito como coisa sua. O camelinho branco, nem aí, vai sonhando areia num hábito aéreo, apesar do amarelo tempestuoso. Ti - ti - ti é o que não falta  entre os escaravelhos das pirâmides. ...E eu apenas um dos caras velhos... Escaras, velho, tenho de muito aqui ficar esperando a palavra vir com arado em notícia velha...

ATOR CHUVA CHOVENDO

O que nele é mil fracassos  Tem dom de redefinir-nos: O gesto no palco é idéia, Espelho a esclarecer-nos. De cabeça, o palco exige Nossa entrega inconsciente, Acendendo, devorando, Arrastando nuvens. O ator? Nuvem chovendo, Que, agindo, dessedenta A platéia que o alimenta.

SAUDADE DO AMIGO LÚCIO IALONGO

Lutar sem poupar esquivas, Lavar as palavras vivas, Fugir de idéias cativas, Refazer invectivas. Saudade do amigo "Shiva", De tantos projetos idos, De sua bondade herbívora. .....Amigos rendem Você pra sempre.

POR LER DOR E AMOR - FÉ CRUA

Nesta idade em que me encontro, já eu devia estar contente. Porém ando sempre com sonho, direita, esquerda, trás e frente. Como demais, bebendo pouco, amando infrene ao sol e à lua, sério me entendem, sendo louco de ler a dor e o amor - fé crua.

CHUVA SEM CABEÇA

Minha chuva em noite e amarelo, Ruas deitaram, arrastadas. A guerra entre poças queima-me, Gostaria de ter florestas, Mas acordei com pouco verde. Quem ceifou a alegria fui eu? Sim, num poema - me dizem. Gostaria de falar sobre gente.. Mas pessoas às vezes doem, Amarfanhadas, sem Debussy. Estou com pluriforme, Uniforme plural, Uma me-letra-lhador a, Baioneta (des)calada, Pronto para as uvas. Na massa de velha tarde, Sei que nascerá ou nasceu. Seu lenço aos meus pés, Azedam assim as uvas, Num pecado em que deito.