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O CURSO DO RIO

Sei que o rio deve seguir seu curso. Mas preciso descansar entre as pedras correntes, As pedras cristalinas de seus olhos. Gostarias, sei, que eu movesse para ti Diamantes com lábios, algo assim. Mas quero-te foder a toda hora Com meus instintos de pedreira em sêmen.
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É TARDE E ESTOU DENTRO

Domingo, um dia de algum abril É tarde e estou dentro de mim e de um ônibus, falo alto por fora num silêncio por dentro, bem atrás, de onde o cheiro reverbera, rodeada de uma porção de moscas humanas, de uma porção de coisas, uma mendiga entre sacos de plástico sorri sem nariz. . Uma outra mendiga finge ser madame, com um poodle de papel francês: caniche, com latido em bolhas, do imaginário desfiado em sacos plásticos de mercado. No lado esquerdo do ônibus, um ruela zé cospe nela seu cérebro podrelíquido. . Quando desço, desce a consciência comigo, caminha comigo desde há muito, a me ensinar que o excesso de perfume pode esconder uma alma empoçada. e vice-versa, ou quase.

FOTO FATO FATO FOTO

O buraco, ó mundo, é dos bem profundos. Vai-se um, se atira, acabou-se a gira. E hoje só sorrindo se aguenta o cachimbo, cachimbo apagado do mundo se indo. O poema é fumo, finda em seu começo sempre é pra consumo, vende bem no avesso, o touro é divino abalo e o vento chora. E vira na hora em fatos e foras, ossinhos. (FOTO DE JORNAL).

A PORTA ESTREMECEU

Eu olhei a porta estremecer, Bateram e invadiram. Estava entre a expectativa de algo E a sua conquista. Conquistaram A paz de meu lar. Me entregaram santinhos, Como esperança do Bem. Olho ambiciosas moscas Em suas palavras, Logo que saem. .

HÁ GENTE QUE SOFRE POR

HÁ GENTE QUE SOFRE POR Há gente que sofre por falta de amor a si mesmo. Há gente que sofre excesso de dor de barriga por comer torresmo. Há gente que sofre de fome e de sede por brigar a esmo. Há gente que sofre por morrer o carro em estradas enfermas e por ter prestações todas na mesma. Há lesma que sofre por escorregar quando não queria sair do lugar. Há gente que sofre por ser magro e alto como a sexta parte dos gigantes, gente que eu não conheço mesmo. Há gente que sofre por ser gordo e baixo como um terço dos mergulhados em desfechos. Há gente que por ser persona jovem comete termos de etarismos e ismos meios inteiros. Há gente que sofre por não aumentar a folha fecundando o cepo. Há gente que sofre por morar no gelo dos polos. Há gente que sofre por rachar os pés com os pelos do chão afiado feio. Há gente que sofre por achar que veio a data do apocalipse no eclipse de si. Há gente que sofre por saber que é tarde cedo demais. Há gente que sofre por saber-se morto ainda medo. Tem

NÃO TE FIES

Não te fies. Escrever é difícil. Poesia pode ser escara. Fácil é a máscara. Torta por dentro, Não te aproximes, Não faças barulho, Escreve daí. Só por fora, Está muito diferente O papel. Não tem previsibilidade O teclado. Olha os tubos curvos em seu verbo áspero quebra queixo. Mordeu-o a invertebrada Sede de enfrentar Moinhos de vento E quebrou os dentes Da Musa. Palmas pra ele, Ele não merece. As gramas pinicam Todos os pés Que escrevem de mãos.

MINHA NARRATIVA FINDARÁ

A narrativa é igual vida. A ausência de narrativa é morte. (Tzvetan Todorov) Minha narrativa findará. Não Foi tão boa. Não foi tão ruim. Será? Enfim, Como disse um (eu)migo: Tá ruim pra todos os pés. Meu pé dói pra alho caro. E sorrio Dolorido de pensar No ponto do borrão com que posso Pular no lombo-narrativa e criar O início. Não devo Parar a narrativa. Os órgãos clamam: - À morte !!!! À vida !!! O ser se finge de surdo E escreve-se entre as exclamadas.

COM AS MÃOS

Com as mãos, pega a farinha da alma para a massa da poesia e depois faz uns bolinhos bem compactos para que quando atinjam a nuca da musa principal o resultado seja visível para todos que se atrevam a ver o seu texto nu (ah! tudo isso de virilha acesa!).